Dia 14 de Dezembro experimentei esta cerveja no Dado Bier do Bourbon Country, concordo com a avaliação do amigo Roberto Fonseca feita na data de hoje no Estado de São Paulo e no blog http://latinhasdobob2.zip.net/ .
Existe discussão em torno da mesma seu preço salgado é de R$ 200,00. Ao meu ver nenhuma cerveja vale isso ainda mais uma Stout de 900ml, o seu valor está mais atrelado a jogada de marketing, embalagem (quem quiser um "vaso" de R$ 200,00 compra um dos cristais Bohemia) e status da pessoa que irá pagar isto por uma cerveja para deixar em exposição na sua prateleira e nunca tomá-la seja para "aparecer" para amigos ou convidados. Na matéria do Roberto Fonseca o Eduardo Bier, proprietário da cervejaria, para justificar seu alto preço compara sua cerveja ao vinho o que convenhamos não tem nada a ver. Cerveja é cerveja, vinho é vinho são produções completamente diferentes e bebidas completamente diferentes. É como comparar uma automóvel Mercedes-Benz com um caminhão Mercedes-Benz.
Outro problema que vejo aqui é quanto a criação da cerveja. A Microcervejaria Dado Bier foi buscar no Rio de Janeiro dois consagrados homebrews (Ricardo Rosa e Mauro Nogueira), nada contra eles, muito pelo contrário ambos são homebrews reconhecidos em todo o Brasil, mas porque não usar homebrews da Acerva Gaúcha caracterizando a Dado Bier mais uma vez como uma grande microcervejaria do RS? e qual papel do mestre cervejeiro da Dado Bier, Carlos Bolzan, nesta produção? ele participou da formulação ou só cuidou da produção?
O movimento cervejeiro brasileiro está em alta mas o nosso estado está ainda muito atrasado em relação a outros como Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Não me refiro a produção e qualidade mas sim a desunião das microcervejarias e a não parceira com a Acerva Gaúcha, focando o crescimento das cervejas de qualidade como um todo. A única forma de combater os grandes players é a união de todos para ajudar a criar uma só força contra o grande poder que eles exercem sobre os governos federais, estaduais e municipais.
Talvez um dos principais problemas na relação aqui no sul seja o 1º quisito para ser associado a Acerva Gaúcha que diz: Ser cervejeiro artesanal, tendo sua produção destinada apenas para o próprio consumo, sem vínculos comerciais. Bom com este quisito já se mata a parceria microcervejaria/Acerva Gaúcha não tornando viável a produção em conjunto, mas segundo o presidente da Acerva Gaúcha Jorge Gitzler, "as parcerias são bem vindas o que não é aceitável é que a principal fonte de renda do homebrew seja esta para isto existe a Associação das microcervejarias". Talvez por isso a Dado Bier tenha buscado parceria de fora do estado.
3 comentários:
Só posso concordar com o que tu escreveu! Assino em baixo. 200 reais por 900 mL??? Nem a pau, juvenal!
Olá, Pedro, tudo jóia?
Com todo respeito, não vejo esta questão como falta de união ou enfraquecimento do movimento no RS. Pelo contrário, acho isso uma coisa muito bacana, que avaliaria como elo de fortalecimento, não pra união das micros do RS, mas em âmbito nacional. A Dado não é uma cervejaria apenas local, engarrafa e vende pro Brasil inteiro, e não seria estranho considerarmos que ela estaria usando dois cervejeiros de outros estados para seu fortalecimento no sudeste, não? Creio que a idéia de união é muito mais ampla, e transcende a fronteira do Rio Grande do Sul.
Se uma micro do Rio contratasse um cervejeiro de São Paulo (usando a terra da Garoa como exemplo apenas pra intensificar a rivalidade), será que estaríamos enfraquecendo o movimento carioca e fortalecendo o paulista? Pior, se viesse um cervejeiro argentino, seríamos anti nacionais? O movimento cervejeiro é um movimento transestadual, pouco importando se o cara é do Rio, Minas, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, argentino, americano, muçulmano, judeu, protestante, ou qualquer outra qualidade que o limite, mas sim se a cerveja é boa ou ruim, ou mais, se gostamos ou não.
Este intercâmbio entre nós, de diversos estados, só nos tem fortalecido, enquanto amantes das boas cervejas, e pelo menos é assim que penso. Pela cerveja fiz amigos em vários estados, muitos dos quais mais amigos que amigos que tenho há milhares de anos, por afinidade, nem parecendo que milhares de quilometros nos separam do cotidiano.
Este intercâmbio fortalece a todos, com informações mil. Hj mesmo o Maurinho, num fórum da internet, estava ensinando o melhor momento pra se adicionar o chocolate à receita, sendo ele e o Ricardo um dos poucos que conheço que queimaram a mufa tentando, em diversas experiências. O que o Dado fez foi aproveitar o conhecimento deles, sem em nada desprestigiar os cervejeiros do Rio Grande. Sou um tanto tradicionalista demais, meio contra, pelo menos nas minhas criações, ao uso de especiarias e algo fora das tradições cervejeiras, mas inegavelmente esta cerveja estimulará novas iniciativas Brasil a fora.
Bem, é o que acho.
Sou carioca mas compro as cervejas da Dado, da Abadessa, da Colorado, da Bamberg, da Whitehead, entre tantas outras, o que não quer dizer que desprestigie as cariocas (isso nem ocorreria, pois não tem nenhuma, hehehe.
Parabéns pelo blog, abração,
Botto
Pedro, pelo que soube o Maurinho e o Ricardo não ganharam nada da Dado por terem elaborado a técnica e receita. Fizeram a mesma sem cobrar nada, obviamente tendo os custos de deslocamento pagos pela cervejaria.
abração,
Botto
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