quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Falke Ouro Preto



Seguindo com o relato das degustações no Extra-Malte patrocinado pela Cervejaria Coruja, sigo com a avaliação da Falke Bier Ouro Preto. Tomei a mesma em barril no evento em BH e agora engarrafada aqui no Studio Clio. A Falke Ouro Preto se apresenta como uma German Dunkel (na realidade o termo correto é Munich Dunkel), ela é uma cerveja que ficou com um aroma e sabor forte de café descaracterizando o estilo, via de regra uma Munich Dunkel nada mais é do que uma Helles ao contrário, tem que apresentar a doçura do Munich malt com um leve sabor de achocolatado, torrado e caramelado.
Apesar de estar fora do padrão ela é uma boa cerveja, provando que nem sempre devemos seguir um padrão na produção, mas ao mesmo tempo em que nomeamos um estilo para a cerveja, ela deve seguir as expectativas propostas para não frustar o degustador ao esperar um tipo de sabor e aroma e receber outro.
Se o foco do fabricante artesanal e caseiro é ajudar a educar o paladar do brasileiro, devemos seguir os padrões pré-definidos para criarmos a regra ou fugiremos da mesma como aconteceu com nossas Pilsens industrializadas onde todas são iguais e nenhuma é Pilsen.
Foto: Telecerveja
Resposta do fabricante, Marco Falcone:

Amigos, resolvi escrever este e-mail para cortar desde já uma avaliação equivocada sobre a Falke Bier Ouro Preto que está se espalhando por blogs. Gosto de receber críticas construtivas, mas daí, insistir no erro, não dá! O Patrick informou que se decepcionou com a cerveja, apesar de boa, por não se enquadrar no estilo. Mas vejamos bem: Os estilos qualificados hoje são: Munich Dunkel, Schwarzbier e Dark American Lager. Realmente não fizemos a cerveja para se enquadrar nisto. Não sei se quando o Patrick informou que não se adequa o estilo "German Dunkel", a que parâmetro se referiu, a que cerveja neste estilo comparou para dizer que suas papilas gustativas esperavam outra coisa, pois não existe nada que estabeleça este estilo, o estilo que sequer é descrito em compêndios atuais, porque não poderia ter "aromas de café pronunciados".
Nossas cervejas são baseadas na tradição, estudadas a fundo para se encaixar no estilo e, no caso da Ouro Preto, é pura tradição alemã, de mais de 500 anos, quando a secagem do malte ainda era feita ou por chama direta no caso dos maltes mais escuros (exemplo: Rauchbier) ou então, no caso dos maltes mais claros, secagem com ar natural (ex.: maltes claros da República Tcheca).
Esta discussão já ocorreu há 1 ano aqui na Acerva Mineira, uns achando que deveria ser enquadrada como Munich Dunkel, outros achavam que deveria ser Schwarzbier e houve quem pensou em Dark American Lager. No final, todos concordaram que não se enquadrava em nenhum deles, era um produto extra, de personalidade, talvez um resgate de um antigo estilo. Daí o conceito, German Lager Dunkel, ou seja, baixa fermentação, e Dunkel, ou seja, escura, em alemão. Os tons de café são adequados sim, vem da torrefação, gerados a exemplo de quando se torra o café, como as boas e antigas Alemãs Dunkel. Isto é a Ouro Preto. Totalmente Reinheitsgebot, conforme sua escola.
Em caso de dúvidas consultem Mestres Cervejeiros renomados como o Paulo Schiaveto e a Cilene Saorin que verão do que falo.
Peço que conste esta resposta em seu blog, e todos que tenham reproduzido a opinião do Patrick, também, pois salvo engano não achei espaço para comentários.
Mais uma vez agradecendo, um grande abraço.
Marco Falcone
Minha resposta:
Com a resposta do amigo Falcone ficou claro que a Ouro Preto, segundo ele, segue um estilo antigo alemão perdido no tempo o qual não conheci em minhas viagens a Alemanha. Em nenhum momento me referi a qualidade da cerveja que achei boa mas sim ao seu estilo acreditando que ela estava encaixada como uma Munich Dunkel. Já que não está menos mal, pois no estilo Munich Dunkel ela realmente não se encaixa. Vivendo e aprendendo.

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