terça-feira, 5 de agosto de 2008

Microcervejarias crescem rapidamente no Brasil

Manter uma microcervejaria parece ser um bom negócio no Brasil. De janeiro de 2007 a maio de 2008, o grupo paulista Schincariol, dono de um faturamento de R$ 4,5 bilhões, comprou três marcas do ramo: Baden Baden, Eisenbahn e Devassa. A empresa manteve a produção artesanal e as receitas de todos os produtos fabricados. Em contrapartida, todas ganharam distribuição nacional.
As pequenas fabricantes produzem até 14 tipos diferentes de cerveja e costumam lançar novos sabores da bebida durante o inverno. Com fábricas em Campos do Jordão (SP), Cachoeiras de Macacú (RJ) e Blumenau (SC), usam água de fontes naturais e mantêm processos de fermentação que podem durar mais de 40 dias.
A Baden Baden, cervejaria tradicional de Campos do Jordão, foi comprada em janeiro de 2007. Fundada em 1999 por quatro amigos fãs de cerveja, originou-se como a maioria das microcervejarias brasileiras: em um bar que produzia o próprio chope.
Hoje, é considerada a primeira cervejaria de pequeno porte voltada para a produção de bebidas super premium no Brasil. Também foi a pioneira em fabricar e vender cervejas de alta fermentação, como a "ale", e a primeira a oferecer bebidas "bock" no mercado durante o ano todo. As bock são de baixa fermentação e têm teor alcoólico maior que as do tipo pilsen.
A Baden Baden tem sete rótulos regulares e três sazonais. Para o inverno de 2008, criou novos produtos para os amantes da gelada. A Baden Baden Tripel, que vem numa garrafa de cerâmica escura, tem cor avermelhada e é feita com a ajuda de um processo de fermentação triplo. Tem alto conteúdo alcoólico: 14%, um dos maiores do mercado brasileiro de cerveja.
"A edição da Tripel é limitada. Serão apenas 2,5 mil unidades numeradas", diz o diretor de marketing do grupo Schincariol, Marcel Sacco. Outra novidade da linha é a Baden Baden Weiss, que leva maltes de trigo, cevada, lúpulo, fermento e água extraída das fontes de Campos do Jordão. Já a Celebration Inverno 2008 é uma "double bock" encorpada. "Tem o dobro do aroma e do sabor da bock tradicional", garante Sacco.
A marca Eisenbahn, com 14 rótulos diferentes, também oferece um novo item este ano. É a Dama do Lago, desenvolvida pelo mestre-cervejeiro carioca Leonardo Botto. A bebida é do tipo "belgian strong ale" e tem 9% de teor alcoólico. Leva seis tipos diferentes de malte de cevada, malte de trigo escuro, aveia em flocos, açúcar, lúpulos e fermento. O processo de produção dura mais de 40 dias e parte da fermentação da bebida é feita dentro da garrafa.
Com fábrica em Blumenau (SC), a Eisenbahn foi criada em 2002 pela família Mendes. Antes de iniciar a produção, visitaram pequenas cervejarias na Alemanha e na Bélgica.
Premiada em concursos de cervejas na Austrália, Alemanha e EUA, a marca é especializada em bebidas premium, categoria que, segundo a Schincariol, representa mais de 2% do segmento de cervejas, com uma taxa de crescimento três vezes maior que a média do mercado total.
Além da fábrica, a marca possui um bar temático, o Estação Eisenbahn, ao lado da planta em Santa Catarina, e um centro de distribuição em São Paulo. Na época da aquisição, vendia 1,8 milhão de litros por ano. A meta da Schincariol é alcançar um faturamento de cerca de R$ 20 milhões com a marca e até triplicar a capacidade de produção.
Uma das características da Eisenbahn é seguir à risca a Reinheitsgebot, uma lei alemã de pureza da bebida criada em 1516 para limitar o número de ingredientes utilizados na produção. São apenas quatro: água, lúpulo, malte e fermento. E qualquer conservante ou cereal não maltado, segundo esse padrão, deve ficar fora da receita.
A Devassa, com fábrica no município de Cachoeiras de Macacú, a 100 km do Rio de Janeiro, foi comprada em agosto de 2007 por R$ 30 milhões - a negociação durou apenas dois meses. Na época da venda, faturava R$ 12 milhões. Além da fábrica, a marca possui mais de dez bares no Rio de Janeiro e uma unidade no bairro dos Jardins, em São Paulo - todos vendem apenas produtos Devassa.
Segundo informações do mercado, a fabricante pretende implantar quiosques de venda no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, além de abrir mais franquias no Brasil. Há possibilidade ainda de a cerveja ser vendida nos EUA e na Europa a partir de 2009.
Criada em 2001 por empresários da noite carioca, a Devassa oferece três tipos de cerveja e um chope. São a pilsen, batizada de Loura; a pale ale, chamada nos bares de Ruiva; a dark ale (Negra) e a Índia pale ale, conhecida como Índia.
A fábrica da Devassa tem 1,2 mil metros quadrados e uma capacidade de produção de 360 mil litros por mês, número divulgado na época da aquisição. O malte é cozido em grandes reservatórios e depois passa para tanques de fermentação, onde permanece sete dias. Depois, fica mais uma semana em maturação. Finalizada, a bebida é filtrada e segue para o engarrafamento ou para os barris de chope.
Quando engarrafada, a bebida enfrenta um processo de pasteurização que faz o chope virar cerveja, antes de ganhar o rótulo de identificação. Já o chope, totalmente cru e não pasteurizado, sai da fábrica da Devassa em barris de aço inox e é guardado em uma câmara fria antes de seguir para o consumo.
Segundo os fabricantes, apesar de haver mais de 100 tipos de cervejas no mercado, a maioria se divide em duas grandes linhas: ale e lager. No Brasil, as grandes fabricantes produzem as lager que, dependendo de quanto a cevada for torrada, adquire colorações diferentes. Já os pequenos produtores investem em sabores diferenciados, como as variações da ale e bock.

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