Conseguir ser a “Coca-Cola das cervejas”, ou ter a primeira marca de cerveja globalizada, consumida nos principais mercados do mundo, passou a ser uma obsessão para as grandes cervejarias, entre elas a belgo-brasileira Anheuser-Busch InBev (AB InBev), hoje a dona da Budweiser nos Estados Unidos, a holandesa Heineken e a anglo-africana SABMiller, que distribui as marcas Miller e a Coors no mercado americano.
Com a possível venda da Schincariol, segunda maior cervejaria brasileira, essa disputa instalou-se agora ao mercado brasileiro, que virou uma peça-chave na corrida pela liderança mundial.
“O Brasil é o país emergente com maior potencial neste setor, pois a população cultiva o hábito de beber cerveja e o clima é favorável ao consumo da bebida”, afirma o consultor da Concecpt Adalberto Viviani.
Estão no páreo para comprar a Schincariol três grandes cervejarias mundiais: Heineken, a SABMiller e a dinamarquesa Carlsberg, quarta no ranking global. Quem vencer o páreo vai competir no Brasil com a Budweiser, a marca global da AmBev, que deve ser lançada no País ainda neste ano.
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Para Heineken aquisição da Schincariol daria ganho de escala no Brasil
Heineken
Para a Heineken, que após adquirir a Femsa tornou-se dona da brasileira Kaiser, a aquisição é uma chance de aumentar o volume de negócios no País e, assim, justificar sua presença no mercado nacional, afirmam fontes próximas às negociações. Para um especialista, a empresa holandesa é tida como uma das candidatas mais fortes à levar a Schincariol.
A empresa estaria numa posição desconfortável por já ter se comprometido com uma ‘operação brasileira’, mas ainda não tem grande presença de mercado. A aquisição possibilitaria ganhos em escala e sinergia.
Procurada pelo iG, ela não quis se manifestar sobre o negócio.
Miller e Carlsberg
No caso da SABMiller e da Carlsberg, se trataria da última oportunidade viável de voltar ao País através da aquisição de uma cervejaria com fatia de mercado significativa.
A Miller foi fabricada no Brasil entre 1996 e 2007 por uma joint-venture formada entre a empresa e a Brahma. A empresa teria encerrado a parceria por discordar dos preços praticados pela AmBev.
Neste ano, a marca Miller voltou ao mercado brasileiro por meio da importadora gaúcha ImportBeer. A importação foi o caminho encontrado pela companhia para garantir a presença da marca no Brasil, mas, segundo especialistas, não atende às necessidades de SABMiller no mercado nacional. Até o momento, o produto está disponível apenas na rede Zaffari e, segundo a importadora, será distribuído em todo o Brasil até o final de 2012.
Disputa com a AmBev
Líder absoluta no Brasil, com 68,2% do mercado nacional, a AB InBev, que controla a AmBev, é certamente a que mais pode perder com a venda da Schincariol para um desse três grandes competidores mundiais. Comprar a Schincariol não é uma alternativa para empresa, já que o negócio emperraria nas leis antitruste.
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Bud deve ser lançada no Brasil este ano
A AmBev é dona das três marcas mais vendidas no Brasil. A Skol possui 32,4% de participação de mercado, a Brahma, 17,6%, e a Antarctica, 11,8%, segundo levantamentos mais recentes.
A Schincariol, dona também da Devassa, possui 11% do mercado brasileiro de cerveja. Mas a Petrópolis conseguiu ganhar pontos e encostar na segunda colocada, com 10,8% de participação de mercado em fevereiro.
Desde que a InBev comprou a Anheuser-Busch nos Estados Unidos, em julho de 2008, é esperado que a AmBev traga a marca Budweiser para o mercado brasileiro. A aguardada entrada da marca americana deve ser realizada no segundo semestre.
Mas, segundo especialistas, um dos maiores problemas será como posicionar a marca e evitar que ela afete a Skol. Até agora, a AmBev ainda não divulgou sua estratégia de posicionamento para a marca.
Por que a Schincariol está à venda
O interesse desses grandes grupos estrangeiros explica, em parte, porque a família que controla a Schincariol avalia sair do negócio de cervejas. O mercado talvez tenha ficado grande demais para um grupo independente, com atuação nacional, e os investimentos para ganhar qualquer ponto de participação de mercado são elevados.
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Sandy e Paris Hilton, as garotas-propaganda da Devassa, aposta da Schincariol
Somadas, as marcas do grupo Schincariol têm cerca de 11% do mercado brasileiro. As principais delas são a Nova Schin e a Devassa. Com 13 fábricas, a empresa ocupa uma posição no mercado muito próxima ao grupo Petrópolis, que tem quatro fábricas. “Isso mostra uma ineficiência da empresa. Ela não consegue administrar bem seu mix de marcas”, diz uma analista, que não quis se identificar.
O principal rótulo da empresa, a Nova Schin, foi lançado em 2003 para mudar o estigma da então marca Schincariol como uma cerveja popular. A estratégia não deu certo na avaliação de um especialista. “A Schincariol não conseguiu ser uma das cinco marcas mais pedidas”, afirma.
Com o lançamento da Devassa, a empresa fez uma nova tentativa. Até agora, o investimento não resultou em ganhos relevantes de market-share. A Devassa tem apenas 0,2% do mercado.
Fonte IG